domingo, 9 de dezembro de 2007

Bilhete de um ASNO na educação!

Não é novidade. Aliás, não é novidade alguma a presença de asnos em qualquer ramo ou atividade, seja na esfera pública, particular, seja na vida real ou na imaginação. Aliás, um asno é um asno sem qualquer direito a não sê-lo. Já prefigurado num calejado jumentinho, um asno transpõe a fronteira para o mundo superior(?) como um ser vazio, teimoso, insipiente. Bem verdade que as vezes ele surpreende. Como por exemplo, no episódio bíblico em que uma amante sua,uma mula, fala com um profeta chamado Balaão. Esse relato se encontra no Livro Sagrado dos Cristãos(Bíblia), no Antigo Testamento, Livro de Números(capítulo 22). O resumo da ópera(do texto)é simples: quando um ser dotado de inteligência, com diploma e tudo, não consegue enxergar o rumo certo, o asno entra em ação.

A Educação no Brasil está em colapso. Todos dizem isso, inclusive aqueles como nós - os asnos. A crise não deixa nenhum aspecto respirar. Instituição, paradigmas, currículos, docentes, discentes, práticas pedagógicas, mediadores, enfim, educação no Brasil caminha a passos largos para remarcar cotidianamente o seu andar circular. Portanto, ressaltar qualquer um dos aspectos e apresentar algumas reflexões não é nada difícil, mesmo para um asno. Ok,então, essa vai ser minha tentativa.

É lugar comum que os asnos se encontram, em sua maioria, agrupados numa sala de aula todos do mesmo lado. Contrariando o corriqueiro, quero falar dos asnos que se colocam no lado oposto e que geralmente são conhecidos como professores. Nessa relação "asnal" quero destacar as conhecidas avaliações. E quero começar com uma questão já sobejamente conhecida.

Avaliação na educação é avaliação de quem? De ninguém! Avaliação é moeda de troca, é água de Narciso. É instrumento de poder. É estressante, humilhante. É angústia, é desespero, é choro, é fuga, é burla. Não se avalia o que é passivo de valoração? Quanto vale o saber? Vale uma vida? Duvido. Na relação educativa a avaliação deveria ser sempre auto-avaliação. Cabe a cada um cuidar do seu cada um. Nunca ao outro aquilo que só compete a mim.

Eu me avalio. Avalio o que me importa, compro e negocio aquilo que me impede. Não é assim na avaliação? Que confirmem as colas, os atestados, as desculpas, os requerimentos. No quadro de notas, por exemplo, como me avalio? Pela valoração do outro. Por que ele ou ela? Por que essa nota maior que a minha? Se soubesse, pediria de volta o presente que dei ao asno mor.

Basta! Educação altere seu caminho. Inove na estrada, não no automóvel. Sorria com a vida,não com a etiqueta. Deixe um troco para a tradição, saia silenciosamente, não acorde os sonhadores. Não desperte os asnos.

Um comentário:

André Egg disse...

Permito-me discordar.

Não vejo esta crise na educação. Vejo um país com problemas sérios na área, mas dando passos largos no rumo de boas soluções.

E não falo do governo Lula, que a melhoria começou no governo anterior - não há dúvida. O ensino superior melhor com sistemas de avaliação de cursos, exigência de titulação e produção dos professores, fiscalização da produção dos bolsistas, etc.

Ensino fundamental melhora com universalização do acesso, formação de professores, etc.

O que há é uma percepção equivocada. Toda vez que se aumenta o acesso, permite-se a entrada de pessoas com um histórico de deficiências educacionais. Isso causa uma aparente piora. É claro que o ensino médio era muito melhor há 50 anos. Era destinado a 2% da população! Hoje temos 30 ou 40% - só pode mesmo ser pior...