sexta-feira, 25 de maio de 2007

O cara sorridente

Quem é aquele que sorri, dando gargalhadas tremendas, no canto da mesa, junto com aqueles caras esquisitos? Estranho... E o pior é que aqui tá cheio, não há lugar pra mim. Parece que essa é minha sina, nunca acho um lugar... Bem, vou dar meia volta e... Hei, senta aqui! O cara sorridente me aponta um lugar, um único lugar ao seu lado. Hesito. Será conveniente? Eu um cara que aprendeu a levar as coisas a sério, sentar justamente ao lado daquele camarada risonho? Senta aqui, rapaz. Garçom, diz o sorridente, sirva o meu amigo aqui. Amigo? Nunca vi o cara, me convida para sentar ao seu lado e ainda pede para me servirem? Quem é esse sujeito risonho? Parece que é chegado a uma festa? Depois de tanto sorrir, me faz sorrir... Te vejo outra hora me diz sorrindo. Hei, espera aí, me diga pelo menos seu nome? Jesus, meu nome é Jesus.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Os Primos de Jonas

O texto sagrado dos cristãos conta uma história, no mínimo, intrigante sobre um tal Jonas. Diz que era profeta. Recebendo certa incumbência do criador para levar um pouco de pão e água na estrada da direita, pensa, matuta e logo depois pega outra, disseram que foi a da esquerda. O pobre homem investe todos os seus recursos num projeto inútil. Viajar por conta própria sobre as águas, quer dizer(sejamos honestos) numa embarcação, sem a presença do criador. O problema é que esse sossegado sujeito, ao contrário dos discípulos do Cristo numa situação parecida, dormia tranquilamente. É mas os marinheiros na reza conhecida, lançam sortes, alguém tem que ir pro mar senão a embarcação afunda. Madeira abaixo, grita Jonas. Tremendo cara de pau, porque não disse antes? Caiu na boca da onça, oops, na boca do peixe, do grande peixe, do peixe grande, do grandão, leviatã, ou como já sugerem alguns entendidos, de um parente distante dos dinossauros "aquáticos". Então, para encurtar a história, sua vida muda, encontra novos amigos (quer dizer, não muito bem encontra...) e a história tem um final feliz.

Jonas também tem primos. Não são parentes de sangue(signifique isso o que quiser significar), mas parentes de histórias. Esses primos de Jonas, investem todos os recursos de suas vidas: ar, sentimentos, ideais, sonhos, suor e lágrimas num projeto do criador de levar pão e água. Vão pela estrada certa, se juntam a outros marinheiros e, pasmem só, no balanço das ondas ouvem: sua presença nessa embarcação é perniciosa. Não são as ondas de fora que vão nos destruir. São as que emanam de suas vidas, de seus sorrisos, de sua alegria, dessa vontade louca de viver, dessa realidade importunante de sua humanas vidas humanas. Não, nossa embarcação não pode suportar sua presença. Ala Jacta Est! Já lançamos a sorte(a nossa é claro) gritam esses marinheiros, outrora companheiros, com seus talares reluzentes, pula fora da embarcação marujo. No mar bravio, nas grandes ondas, numa tempestade dupla(por dentro e por fora)os primos de Jonas são lançados ao mar. Que não hajam peixes tão bonzinhos, Senhor, esses cupins devastadores que queriam acabar com essa suntuosa estrutura, não merecem tão bondoso destino. Que venham tubarões famintos!!!!
Poseidon é surdo? O criador não! Não é um grande peixe, nem um tubarão faminto, nem mesmo o leviatã ou os supostos parentes dos dinos que os abrigará.
Os primos de Jonas, os milhares de primos e primas, caem nas mãos do Criador. Ele os toma dia a dia. Leva pra uma praia tranquila(bem, não tão tranquila assim) pelo menos, por enquanto.