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sábado, 6 de setembro de 2025

 


Vida em Fases


Se a gente tomar as fases da lua, como espelho, dá pra enxergar nelas um roteiro simbólico da vida. O nascimento aparece na lua nova: invisível aos olhos, mas já em potência, pedindo silêncio e gestação. O crescimento se mostra no quarto crescente: um movimento de conquista, de ensaio, de construção de forma e sentido. A plenitude se espelha na lua cheia: auge de energia, expansão, visibilidade, mas também a tensão de estar exposto demais. E a morte (ou encerramento) se reconhece no quarto minguante: recolhimento, desapego, dissolução, preparação para outro ciclo.

Esse jogo cíclico sugere que viver não é linha reta, mas repetição com variações. Cada fase contém em si germes da seguinte. Não é preciso forçar literalidade [a lua não dita nosso destino] mas o símbolo ajuda a pensar: nascimento e morte não são eventos isolados, são ritmos que atravessam relacionamentos, projetos, identidades. Sempre há algo nascendo, algo florescendo e algo morrendo em paralelo.

O risco é cair na leitura simplista, de fase boa versus fase ruim. O ponto mais interessante é outro, pelo menos eu acho, cada fase carrega uma sabedoria própria. A pergunta que fica é: em qual fase você se percebe agora, e o que essa metáfora ajuda a enxergar que estava oculto?

Qual tua fase agora? Ah, e não vale querer fazer download, nada de buscar validação de ninguém, muito menos, em mais de 8,2 bilhões de pessoas, desejar ser carbono.



sexta-feira, 8 de agosto de 2025

FOGES ou teu ego vai acabar contigo.

 Hoje mudei de espaço, voltei para o meu anterior espaço de escrita, achei que colocar a capa e o texto juntos imprimiriam a ideia que quero dar. Lógico, você é esperto, esperta, e sabe que estou fazendo uma paródia séria da FOBES, Uma revista que reúne os melhores por vários motivos, inclusive na definição de melhores. Aliás, aos melhores de verdade, minha referência. 


Meu texto é do que sei, do que reuni, vivendo, observando e lendo. Não vou buscar referências, não quero academicismo, não é fuga, é folga. Se algo estiver errado e você não figurar na FOGES, pode me corrigir.

Quero falar, especialmente com todos aqueles, principalmente os Educadores que, por vários motivos perderam sua essência em uma parte do caminho e, tomado pelo EGO, figuram na FOGES. Calma, que não vou entregar ninguém, mesmo porque, de alguma maneira, eu também estou ou estive em algum momento tentando entrar para esta lista de famosos. Lógico, vocês são espertos e sabem que estou fazendo uma paródia séria da FOBES, uma revista que reúne os melhores por vários motivos, inclusive na definição de melhores. Mas,  Aos (Às) melhores de verdade, minha referência. 

Vamos relembrar antes esses famosos e depois vamos entrar de cara na nossa história.  Espero que você curta o desafio tente fazer um exercício para ver se de alguma maneira está tentando entrar para esta lista. O Título da Revista, entretanto, antecipa meu conselho.

Vou começar com CaronteCaronte, foi Filho de Nix (Noite) e Érebo (Escuridão), ele é o barqueiro do mundo inferior na mitologia grega. Seu papel é conduzir as almas dos recém-mortos pelo rio Estige (ou Aqueronte), mas só aceita embarcar quem tenha pago o obolo, a famosa moedinha funerária colocada na boca do defunto. Com rosto austero e olhar imperturbável, Caronte simboliza a passagem inevitável entre vida e morte e nos lembra que, por mais que inflamos o próprio ego, o preço da travessia é sempre o mesmo. Muita gente já falou disso, do breve sopro que é vida, me perdoem pular essa fase.

Um bem conhecido, mal usado muitas vezes nas projeções, mas vive na boca do povo: Narciso.Filho de Cefiso e Liríope, Narciso era tão obcecado pelo próprio reflexo que, ao ver sua imagem na água, ficou hipnotizado e acabou murchando lá na beira do lago, virou flor de lírio como memorial ao próprio amor-próprio. Disse Lacan, em algum lugar que já não lembro mais, que "vivemos buscando essa imagem perfeita e competindo com as imagens dos outros". 

Ah, a personagem de agora, ao lado do pai, foi meu ícone aos 12 anos, confesso. Não durou muito quando soube seu fim. Ícaro, filho engenhoso de Dédalo,  ganhou asas de cera pra fugir do labirinto. Achou a ideia bacana, imaginou-se  solista do céu e voou alto demais: o calor derreteu a cera e ele caiu pro mar. Me doeu, eu não sabia dar nomes na época, mas hoje eu eu sei eu foi uma lição de uma clareza cruel sobre até onde o ego pode nos elevar antes de nos fazer despencar. 

O próximo é um conselho para passar antes no DETRAN. Faetonte, filho do deus Hélio, pediu com o jeitinho de um garoto de 15 anos pra guiar a carruagem do Sol num dia, hoje sabemos nublado. Sem experiência, perdeu o controle, incendiou a Terra e foi fulminado por Zeus. É, quem de nós já não descobriu que o excesso de sede de aprovação paterna mais zero noção é igual a um fim trágico? Aliás, talvez você esteja vivendo isso e os remédios da vez não te fazem perceber.

Árachne, daquelas que parecem ser criação do Stan Lee (Marvel). foi uma tecelã mortal que se gabou de bordar melhor que Atena (à professora da Sala ao lado). Desafiou a deusa, ganhou no duelo, mas foi punida: transformada em aranha pra tecer eternamente sua própria queda, Deus que me livre, mais se tornou um orgulho que virou teia infinita.

E agora, por fim, Belerofonte. O nome não é lá aquelas coisas, mas que moral tenho eu para falar de nomes? Ele foi o herói que domou Pégaso e derrubou a Quimera. Achou que merecia um assento no Olimpo, tentou voar até lá e caiu do céu. Orgulho de campeão virou pó, lembrete de que nem todo sucesso garante, de novo relembro, convite divino.

Esse papo todo com vocês sobre o perigo fatal do EGO nasceu de uma conversa com meu filho, que aliás, é coautor desse artigo. Pai, disse ele, já reparou que. boa parte, senão a quase totalidade, das derrotas cotidianas são fabricadas pelo desejo do Ego reconhecido, premiado, bajulado? Pensa bem? Por que você sofre muito? Vai até a tua infância e logo vai perceber que começou em casa: o eterno desejo de ser um filho amado e reconhecido e, muitas vezes (Mas muitas mesmo) ignorado? Ou as bestas disputadas de quem tirava a nota melhor no ensino Médio, principalmente. Sei que nosso caso é ainda pior dizia ele, pois fomos divididos em turmas que classificavam os alunos conforme sua alma (Cérebro): A, B, C e D.

Pois é gente, vale a pena mesmo viver em função de agradar os outros ou demonstrar ser o melhor? Há quem acha que sim. Espinoza (O Baruch) dizia que esse era um dos maiores erros: Conformar nossa vida ao gosto de alguém. 

Calma, não vou pedir para você sair por aí igual ambulância barulhenta dizendo que vai mudar, que vai se diferente. Vou te pedir apenas uma coisa: Seja você mesmo, mesma, quem te ama, ama. Quem é falso ou falsa com você não merece tua atenção (desculpem a rispidez). 

Tenta uma vez na vida, apenas uma, se reconstruir e fazer de você a melhor pessoa do mundo para você mesmo, mesma. Mas, por favor, fuja da FOGES, por mais alto que sejam os salários e as fugazes mordomias.

 Floresça agora, mesmo aos 60.

Uipirangi e Paulo Câmara.

(ucamara@gmail.com, paulolau@gmail.com).